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terça-feira, 4 de outubro de 2011

O autoconhecimento na prisão

Angústia, raiva, vergonha, amizade e confiança são alguns dos sentimentos que estão no caminho do processo de amadurecimento e autoconhecimento enfrentado pelo presidiário.  A rotina e suas relações familiares são modificadas não só pela ausência, mas também pelo mistério que cerca a traumática prisão.

É evidente a dificuldade do preso em dialogar com a sua família e com as demais pessoas. Surgem as mentiras construídas para esconder o fato de que foi preso, a vergonha em ter cometido um ato ilícito. Já a paixão por alguém, serve como impulso para que se prossiga a vida com dignidade após o erro cometido.

A pessoa privada de liberdade amadurece ao perceber que não chegará a lugar nenhum culpando seus familiares por sua infelicidade. No entanto, até chegar aqui, é preciso montar, como em um quebra-cabeça, os diversos elementos da história desenvolvida, culminando em um final que leva a reflexões acerca de questões sociais e de como o preso lida com seu passado.
Para continuar a existir como pessoa, o ser humano necessita do cuidado de outro ser humano. Mas como tratar disso numa prisão?
Ali nem todos são tratados como seres humanos, os crimes cometidos os levaram a uma vida secreta, longe de todos e perto de uma solidão avassaladora. Seu comportamento passa a ser deprivado, ou seja, perde-se um ambiente favorável ao seu desenvolvimento emocional, resultando num comportamento antisocial.
Cria-se um trauma, caracterizado pela intromissão no psiquismo do preso, vindo de uma carga pesada do exterior, do mundo externo, que lhe cobra cada ato cometido. Nesse teste para saber até onde suporta os maus tratos, sua capacidade cultural diminui, causando pensamentos delinqüentes e inaptos a qualquer sinal de melhora ou de aproximação à vida lá fora.
Pode parecer incrível, mas o autoconhecimento é o amor próprio, tendo este, um impacto para toda uma vida, basta recomeçar. Nosso erro consiste em buscar fora o que encontramos dentro do nosso ser real. Precisamos ser o capitão da nossa nau, onde no mais terrível vendaval, possamos encontrar esse nosso ser real, dentro de cada um há o crescimento, o amadurecimento, o amor próprio. Temos sempre a chance de repensar que, se cometemos um ato ilícito, prejudicando outras famílias, podemos recomeçar, basta querer, basta enxergar a saída. Ouvimos sempre – você é feio! – você é burro! E tudo isso fica registrado no nosso inconsciente e vai determinando a imagem que construímos de nós mesmos.
Mas será que somos assim ou passamos a construir uma imagem feita por outros? Se quisermos melhores resultados na vida, devemos primeiramente nos perguntar: - o que estamos fazendo aqui?
                                            Luciane Born - Perita Criminal
                                                        (adaptado de Julio Moraes, Michelle e Raphael)

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